17 de fev. de 2008

Guerreiros da Neve - Parte 5

Renovado, apesar da dor que ainda lacina meu corpo, parto em busca daquilo que devo encontrar.

De um lado, a certeza do que vou encontrar. De outro, um caminho totalmente novo e perigoso. E em frente simplesmente vejo o caminho se destrinchar por mais e mais vales que, sei bem, hão de se encontrar em um mesmo lugar.

O que faz de um homem ser o que ele é? Será que sua força e moral está totalmente ligada aos vínculos magnânimos que faz consigo mesmo? Ou apenas são as escolhas que se fez?

Entro absorto em pensamentos nessa nova caminhada e sinto, uma vez mais, que estou indo para onde devo ir. Se encontrasse com algum andarilho pelo caminho - fato pouco comum por estas terras perdidas - certamente este me perguntaria para onde se distenderia o caminho... E a resposta seria tão simples e suave quanto a mais fina e bela gota do orvalho da manhã... "Em frente", seria a melhor resposta... "Por aí", seria o detalhamento...

Sigo então o caminho que se faz melhor. Passo após passo. Pisada após pisada. Pé, ante pé. Cada gota de suor, cada grama pisada e cada gota de sangue derramada... todas valerão a pena.

O coração segue palpitando forte, chamando para a direção do conhecido desconhecido. A mente se esvai em digressões sobre a realidade e o clamor próprio e singular que atinge os aflitos. Os pés levam para a direção que sentem vontade de ir, como se tivessem própria vontade. E têm. E simplesmente caminham, e vão, e vão, e seguem por entre os galhos do caminho.

E a mente se esvai. E por um instante se fecham os olhos. E nesse instante se vêem os gigantes cinzentos do morro, cercados por sua fina camada de proteção... Branco. Cinza. Gigantes farfalhando por entre os morros. Luz. Paz. Dor... Saudade...

E a mente se vai por entre a lembrança do que um dia se queria e do que se obteve. E com os olhos molhados, os pés caminhando em sua direção e o coração clamando para ser ouvido, simplesmente vou. E sigo, até encontrar a minha direção. E ainda que eu dê a volta ao mundo, meus pés nunca deixarão de caminhar.

Porque a todo guerreiro, há o merecido descanso. Inda que este seja somente após seu último suspiro.

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