5 de fev. de 2008

Guerreiros da neve - Parte 2

Meu caminho, ao menos por enquanto, está chegando a um fim. Minha memória realmente não está tão ruim quanto pensei, mas sei que ainda há muita a coisa por relembrar...

Esta pequena vila que me encontro agora se localiza em meio aos verdes vales, tanto os de luz quanto os de sombra. É, pois, meu refúgio seleto em que só entro quando preciso de abrigo. Pudera eu poder visitá-lo mais, mas infelizmente as complicações de minha vida me levam para longe daqui... Tolo que sou!

Em verdade, esta vila possui apenas umas pequenas casas rústicas de madeira, a maioria possui apenas as acomodações básicas, e seus habitantes são repletos de luz, pois aqui onde habitam é um refúgio de paz. Talvez o único que reste no mundo, quando tudo o mais está perdido...

Mas nesta visita em particular, vim visitar uma velha senhora que um dia tanto me ajudou. O nome dela, sinceramente, não me lembro, inclusive nem sei se um dia ela o disse...

Esta senhora, que tanto me acolheu em tempos remotos, já viveu muitos invernos, e sabe bem o que aprendeu na jornada que teve. E desde que se encontrava na adolescência, passou a dedicar-se a auxiliar eméritos desalentados, como eu fora um dia.

De olhos mansos e escuros, com um sutil brilho no olhar e um sorriso que não me lembro de uma única vez ter deixado aquele rosto, cumprimento-a amavelmente, remontando a lembranças que agora parecem tão distantes, mas que ainda assim vivem fortemente em nossas mentes e corações.

Ela me leva até sua casa, uma singular casa como todas as outras, e ela logo prepara a xícara de chá que eu tanto esperava.

Quando perguntado por onde tenho andado, tento esquivar-me, mas ela bem sabe por onde estive.

- Sabes bem o porque de isso tudo acontecer. Bem sabe você que o preço de ter aquilo que se quer, é ter o que um dia se desejou.

- Sei bem, minha irmã, sei bem...

- Então por que sinto em seu coração que quer desanimar?

Ela me olha de um jeito que não consigo explicar. Aqueles olhos serenos já sabiam a resposta que estava por vir, mas ainda assim insistiam em que eu falasse.

- Talvez seja hora de parar... Talvez as flores não tenham mais lugar... - disse eu, cabisbaixo. Mas meu coração sabe que minha irmã vai animar-me novamente.

- Ah, irmão... Sabes tu por onde andei, e sabes por onde esteve. Assim como também sei por andaste, e por onde não quis ir. Mas mais do que isso, sabes que as flores sempre nascem nos lugares mais inóspitos e impossíveis que possamos imaginar. Cada semente que um dia atinge o solo, cedo ou tarde, com mais ou menos força, todas, irmão, sem exceção, hão de florescer. Ainda que algumas não se tornem grandes e suntuosas, mas uma pequena vida terá nascido, ainda que teimemos em não ver.

Essas palavras não poderiam ser mais claras. Mas também meu corpo estava cansado, e vendo isto, a gentil senhora me convida a retirar-me para repousar um pouco, depois da longa viagem que eu fizera.

Agradeci imensamente a hospitalidade dela, e, assim que ela deixou o pequeno cômodo que me acomodara, cerrei meus olhos e pus-me a relaxar o corpo. E eu sei que, ao menos essa noite, vou estar protegido.

2 comentários:

Luiz(Ju) Constancio disse...

Sim, sempre sorrindo, sempre me forçando a sorrir =]
Depois leio com mais calma o texto, acabei de voltar de viagem e o cansaço está bravo!

Luiz(Ju) Constancio disse...

Interessante seu blog rapaz, acompanharei o desenrolar desta história...
Li também os outros textos, estás mesmo entrando de cabeça no mundo da religião hein? boa sorte na caminhada