"É, acho que vai chover..."
Assim dizia o menino do campo, com seus doze verões de mão calejadas pela enxada desde que nascera.
Mesmo com todo aquele céu azul, com poucas nuvens brancas espalhadas ao acaso, lá ficava o menino queimado pelo sol forte, a admirar a imensidão acima.
E ele ficava lá, a admirar. E dizia seu singelo "acho que vai chover" com sua simplicidade e certeza. Ele sempre sabia.
Até que um dia eu, espantado por sua simplicidade cicatrizada na pelo e por dentro, pus-me a indagar com tão singela figura.
- Me diga, menino, como diz que vais chover sem vento algum que traga nuvens?
- Ora, simplesmente vai chover. Por que querer complicar tanto as coisas?
- É mera curiosidade de minha parte. Tu sempre sabes quando o céu irá chorar.
- Não é o céu que chora. É a lágrima que as pessoas seguram ou deixam cair que são levadas pro céu. Não é o céu que chora. São as pessoas.
E com um sorriso maroto no olhar, o menino volta a pegar o cabo da enxada para terminar o trabalho matinal.
E dessa vez sou eu quem me admiro com o céu e suspiro.
É, acho que vai chover...
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